OPINIÃO

Verdades utópicas

Domingo, 18 de dezembro de 2022

   A partir do momento em que esperamos de um governo a geração de empregos, a assistência à saúde de excelência, a segurança nossa e de nossa família de forma eficaz e eficiente, a promoção social que garanta a igualdade matemática, a promoção da cultura e dos costumes de acordo com um planejamento prévio, dentre outros, estaremos, inexoravelmente nos tornando funcionários públicos.

   Enquanto funcionários públicos, seremos funcionários do Estado, ou do governo, esses são  ou pelo menos deveriam ser, direitos primários e inalienáveis de toda a sociedade. Salários ou renda passam, então, a se tornar direito secundário ou terciário, já que as necessidades básicas já foram atendidas a contento, assim, pode, naturalmente, ser controlado de maneira igualitária e discricionária. Estaremos, pois, submetidos aos  desígnios desse Estado e de seus governantes.

   Como o sistema, por sua eficiência e senso humanitário tem o controle coordenado de todas as atividades, provavelmente, as propriedades privadas são desnecessárias e inclui todos os integrantes dessa sociedade quase perfeita, onde o Estado, e não as pessoas, detém o monopólio do comércio, e das demais atividades consideradas vitais para uma vida programada por intelectuais que entendem, verdadeiramente, sobre as necessidades humanas e sobre o que é e o que não é bom para a vida das pessoas.

   Felizes, não nos depararemos com as disparidades econômicas/financeiras que permitem que  o acúmulo de riquezas ou fortunas, já que elas foram socializadas equitativamente entre os demais cidadãos.

   Seremos educados de forma padronizada e todos, todos mesmo, teremos um diploma universitário, todos seremos doutores. Não se preocupem pois tem vaga para todos, o seu ramo de atividade será definido pelos intelectuais proclamados pelo sistema.

   Não é necessário se preocupar, aqueles intelectuais vivem sob o mesmo patamar do restante da população, apenas são intelectuais, ungidos de humanidade acima do normal.

   Viveremos, no entanto, sem fronteiras, mas não desejaremos ir e vir, pois aqui é o paraíso. A longevidade é garantida, o Estado retroalimenta o sistema usando tecnologia quântica que permite qualidade de vida, enquanto ela durar.

   A Pátria Grande nos remeterá a um estágio superior em relação ao planeta, nossas riquezas serão socializadas com países mais necessitados como a França, Espanha. EUA, Alemanha, que tanto necessitam dos nossos recursos naturais para sobreviverem e sempre, quando necessário, virão em nosso socorro com as costumeiras esmolas, digo, ajuda.

   Enfim, será o fim da debandada de brasileiros para outros países a procura de melhoria de vida, afinal, seremos o exemplo de democracia para o mundo, um exemplo de igualdade, de fraternidade e de liberdade nunca antes vivenciadas pela civilização humana.

   Ninguém, ninguém mesmo, será pobre ou rico. Seremos todos iguais, inclusive os intelectuais,  os governantes e seus familiares.

   A família tradicional será absorvida pela mãe pátria, ela nos mostrará a verdadeira vocação dos filhos, pois serão filhos da Pátria Grande, a ela devem devoção, lealdade e obediência. Não se preocupem, seremos educados para isso. Em breve será natural.

   Essas verdades, que parecem utópicas são apenas parte de um todo. Não serão alcançadas de um dia para outro. São realidades construídas com paciência, com perspicácia e métodos. Não serão impositivas, embora pareça assim, serão paulatinas e internalizadas com raciocínios dirigidos e instrumentados, uma visão mais humanizada da matrix .

   Bem vindos ao socialismo raiz, se puderem.

   Quem já acordou está sofrendo, os que ainda não acordaram, aqueles que se permitem ser usados, sofrerão, senão eles, seus filhos e netos, mas já será tarde e talvez nem saberão que sofrem.

   Paz e Luz.

 

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