OPINIÃO
Um lugar ao sol
Domingo, 25 de setembro de 2022
Chega a ser cômica, se não fosse trágica, a corrida eleitoral para o pleito de 2022. Em que pese as artimanhas protagonizadas pela nossa legislação eleitoral, que preconiza a democracia de cotas obrigatórias e de quocientes eleitoral e partidário nas eleições proporcionais, algo inverossímil vem marcando a atual peleja.
Além de exigir o domínio catedrático da ciência política para entender, ainda que superficialmente, o sistema de eleições proporcionais, já consagrado no Brasil, o processo, agora inovado, trás uma mudança revolucionária, extinguem-se as coligações e criam-se as federações. Nada que interesse diretamente o eleitor, que continua sendo um detalhe.
O sistema complexo, que dificulta ao eleitor mortal uma real visão das eleições parlamentares das quais participa completamente à deriva vem garantindo um jogo de cartas marcadas, verdadeiro campeonato de “cumprir tabela”, os campeões já vem de berço. Não é demais lembrar a quem interessa esse jogo.
E assim caminha a humanidade brasileira, o processo matemático que envolve as eleições proporcionais complica para baixo e simplifica para cima, o que, certamente envolve a física e a química.
Todo esse aparato, de pesos e contrapesos define a seu modo e gosto as tendências sob a tutela do que chamam de democracia.
No presente pleito, tudo isso foi assimilado com fervor, tal qual o Exército Italiano na parte final da ll Grande Guerra, passaram a atirar pra todo lado, todos são amigos e inimigos ao mesmo tempo, o importante é sair vivo.
Nessa direção, estamos testemunhando candidatos se aliando a antigos inimigos, seguindo correntes diferentes no âmbito estadual e federal, apoia um inimigo aqui e o detona ali, investindo em campanhas diversas da sua para assim criarem um lastro de dependência que os apadrinhe no futuro, tudo isso e mais algumas particularidades sob a égide de um processo eleitoral propositadamente confuso que certamente ilude aquele que devia ser o protagonista das eleições, o eleitor.
Não que essa prática não ocorresse em pleitos anteriores, pelo contrário, mas desta feita, ocorre ostensivamente, sem vergonha ou mesmo sem ética.
Que se ressalte, a promiscuidade política, asquerosa e repudiável, verdadeiro “balaio de gato”, abre, sob a fantasia de democracia, uma margem considerável para o surgimento dos aventureiros, aqueles trapezistas políticos e sociais que, regados a dinheiro público, realizam campanhas fantasmas em nome dos quocientes.
Até mesmo o chamado Teatro das Tesouras foi desidratado para o pleito vindouro, as correntes ideológicas foram adequadas ao público oportuna e demagogicamente em busca do valioso voto, de forma implacável.
Não é difícil perceber que a diluição dos votos, em face da diversidade de opções inexpressivas e até grosseiras insistentemente apresentadas ao eleitor atendem a um objetivo contrário aos princípios democráticos, embora se divulgue o contrário.
A pluralidade de partidos políticos, flagrantemente tendente a participar da divisão do “bolo” tentador chamado fundo eleitoral, não passa de siglas diferentes, formadas para confundir o eleitorado, encontrar alguma notoriedade para, na hora da verdade, se fundirem aos “grandes” e hegemônicos, seja por coligação, por hora extinta, ou federalização. De democrático, só o nome.
A eleição há de começar na escolha de candidatos. Embora seja legítimo que qualquer do povo seja um candidato em potencial, é necessário um processo racional, competente e democrático para a escolha, de certa forma um crivo que possa qualificar aquelas pessoas que podem definir os destinos de toda uma nação, portanto, trata-se de assunto da mais alta seriedade. Não pode ser um oba-oba!
É lamentável, sob o meu ponto de vista, que os acontecimentos atuais, que norteiam o pleito eleitoral que se avizinha têm registrado fatos pitorescos capazes de desestimular a credibilidade dos eleitores em alguns dos seus futuros representantes no parlamento. Demonstram, sem pudor e sem medir consequências uma falta de noção que favorece a conclusão de que galgam apenas um lugar ao sol, onde gozarão confortável e impunemente das benesses que o cargo lhes proporciona.
Paz e Luz.
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