Domingo, 02 de outubro de 2022

Enquanto estivemos adormecidos politicamente, uma manobra silenciosa foi engendrada meticulosamente para moldar conceitos e paradigmas que permitissem a construção de uma consciência coletiva que atendesse aos interesses daqueles que não dormiram.

   Conceitos como o de cidadania, por exemplo, foram deturpados massivamente a ponto de se  fundir com passividade ou até indiferença. Nossa percepção cognitiva foi se dissipando em doses homeopáticas, portanto indolores, tornando-nos verdadeiros zumbis no cenário político.

   Como tal, a manipulação orquestrada pelos insones catedráticos se tornou sedutora e frutífera. O ambiente se tornou  favorável aos mais diversos projetos que lhes garantiriam a conquista do poder absoluto pela via mais fácil, o oportunismo.

   É sempre bom lembrar que os projetos de poder sempre se nos apresentaram como salvadores, apesar de mirabolantes,  sempre traziam em sua implementação algo de fato efetivo que legitimasse sua existência. Como ainda estávamos adormecidos, o êxito era garantido.

   Dentro dessa sombria ordem social, dentre outras várias aberrações políticas e administrativas, estabeleceu-se no país uma legislação eleitoral, sui generis, complexa e confusa que nitidamente beneficia aqueles que não dormiram, já que eles próprios a fizeram e a blindaram oportunamente.

   O consagrado sistema de coalisão política, que sinaliza um modelo híbrido que exige pactos e acordos para a tal governabilidade se tornou um virtual monstrengo abalando toda e qualquer estrutura que se tente criar no Brasil. Bem sugestivo concluir que uma ambiência nesse tom beneficia o surgimento de castas que dividem o poder em causa própria.

   O pluripartidarismo nada mais é que a materialização da rota que se pretendeu enquanto dormíamos, a pulverização de votos, naturalmente promovida pela variedade de partidos políticos objetiva tacitamente a inviolabilidade dos insones de outrora, sua hegemonia, seu poder.

   Os novos ventos estão a sinalizar uma nova realidade. Nosso despertar, embora sonolento e um pouco tardio ainda é tempestivo e se mostra eficaz. A cidadania implica em conhecer o espectro político da sua pátria, significa que o poder realmente emana do povo e em seu nome deve ser exercido, sob pena de sucumbir.

   O estado democrático de direito em que pretendemos viver no Brasil exige a participação popular nas ações de governo e isso se dá por meio do Parlamento, mas um Parlamento racional, compromissado e que perceba, com patriotismo o significado de oposição e sua importância nas democracias.

   Uma derrota eleitoral não pode nem deve ser considerada uma guerra, opor-se ao governo vigente requer critérios democráticos  com propostas alternativas que tragam ações altruístas que visem edificar a nação e não somente oposição por oposição.

   Embora estejamos sujeitos, pela legislação, a votar, nas eleições parlamentares (Câmara Federal e Assembleias Legislativas), num primeiro momento, no partido, é muito importante que realizemos uma reflexão sobre a configuração que nosso voto dará às Casas Legislativas.

   Podemos, assim, nos livrar das “armadilhas” preparadas pelos partidos que embaralham as cartas para iludir nossa visão ou nossa percepção.

   As artimanhas e artifícios colocados na legislação que rege a eleição parlamentar é um tanto complexa para o cidadão comum, que nunca se ateve a isso, mas uma simples consulta sobre os tais coeficientes ou quocientes eleitorais e partidários pode esclarecer muito e até mesmo quebrar alguns paradigmas, diga-se de passagem, para o desespero dos oportunistas.

   A partir do momento em que nos preocuparmos com o destino do nosso voto estaremos a caminho de entender que nosso voto faz sim a diferença.

   Paz e Luz.


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Domingo, 21 de agosto de 2022

Escolhas
















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