Sábado, 16 de julho de 2022 ( Atualizada em 20/07/2022 às 07:41)

Alvo de críticas, de falas acaloradas, de repulsa, seja falsa ou real, a corrupção é um fenômeno comportamental típica do ser humano ao longo de sua História nesse planeta em evolução.

   São notáveis os malefícios que tal comportamento trouxe para a humanidade e para a evolução planetária, são vários os exemplos históricos que marcaram profundamente a trajetória humana, ainda que nunca admitidos mas descobertos com a implacável ação do tempo.

   Talvez seja essa prática, da corrupção, o maior flagelo enfrentado pela humanidade por se tratar de comportamento, de ação de foro íntimo, quase impossível de ser combatido na origem, o que torna o combate desigual.

   Nesse sentido, sem base científica para se combater as causas, o combate é focado nos efeitos e em fatos pretéritos, que, conforme a ação do tempo, podem sofrer agravamento, atenuação ou até esquecimento na pretensão punitiva, dependendo da  percepção, do alcance e dos envolvidos.

   A corrupção é por si só, agregadora e envolvente. Altamente contagiante e convincente, gera, em seu cerne, uma rede de corruptores e corruptos numa alternância de papéis infindável que se acumula com o passar do tempo a ponto de se tornar institucionalizada e, lamentavelmente banalizada.

   Antes de apontarmos o dedo, é necessária uma reflexão e uma mea culpa, não estou generalizando, longe disso, mas é preciso que identifiquemos quando, como e onde nos deparamos com a corrupção em maior ou menor escala, desde pequenas “gorjetas” até as grandes propinas de que temos notícia quase que diariamente.

   Ao contrário do que se apregoa, a corrupção não é exclusividade do Brasil, mas infelizmente, aqui passiva ou inocentemente nos tornamos coniventes, obedientes e insensíveis, nos prostramos na defensiva e, amedrontados, acovardados nos conformamos para ingressarmos no rol dos corruptos ou corruptores, dependendo da situação.

   Não existe uma diferença entre uma pequena propina e uma grande propina, ambas são corrupção, alimentam a rede e incentiva a persecução da vantagem fácil, em alguns casos chamados como jeitinho brasileiro.

   Passamos a conviver com essa triste realidade com naturalidade, se tornou costume e seu uso rotineiro tende a se tornar cultura. É uma dura realidade, impactante e de difícil digestão, mas onde tal recorrência se tornou até mesmo profissão reconhecida, cujos profissionais circulam nos corredores do poder com desenvoltura e pompas, partir para o combate é uma missão inglória e desgastante.

   O outro lado da moeda, entretanto, apresenta uma realidade ainda mais atroz, a da facilidade que a corrupção traz aos corruptores. É indiscutível que as benesses trazidas por uma propina pontual e certeiramente dirigida são fatores facilitadores para as mais diversas atividades humanas, sejam legais, sejam ilegais. Dói, não?

   Dispondo de recursos para corromper, quem, em sã consciência, sempre exaltando as honrosas exceções, vai se dispor a combater a corrupção no país?

   Por outro lado, é bom  nos lembrarmos que  quem corrompe com galhardia, sempre será poupado pelos beneficiados, será sempre bajulado e festejado, pelo menos enquanto durar seus recursos.

   Bom, é uma dúvida cruel que pode e deve rondar nossos pensamentos, decisões e posturas: em qual dos grupos acima nos enquadramos?

   Paz e Luz.     


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Domingo, 21 de agosto de 2022

Escolhas















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