Sábado, 26 de março de 2022

Com exceção de quatro a cinco meses antes da eleição municipal, as ruas de Valadares são de dar inveja a uma cratera lunar. Buracos de toda sorte, uns são o que se pode dizer: extremamente resilientes, fortes, cavernosos, compridos; tem de tudo. A realidade é um verdadeiro exemplo de como se torturar um bairro inteiro sem dar um tapa. Além de resistência, capacidade de reprodução e dar prejuízo: o que mais os buracos de Governador Valadares têm a ensinar?

Primeiramente, com perdão da palavra, diga-se: malditos; e, talvez até burros, os antigos romanos. Pense... Eles construíram estradas há 2500 anos. Veja só! Absurdamente, algumas partes delas duram até hoje. Construções que sobreviveram a guerras, ao tempo, e o pior desafio, aos políticos. É muita burrice fazer algo tão bom, mas muita mesmo. Imagine quantos empregos, gerações e gerações deixaram de ter? Pense nas várias licitações, valiosíssimas, perdidas. É necessário aprender essa lição, construir algo que dure 2500 anos é demasiadamente desnecessário e antieconômico. Ô... Se é...

Segundo, não é dos tempos dessa geração; mas, há muito, convenceram um povo que era necessário uma organização para realizar serviços públicos, como estradas. A ideia parecia boa, cada comunidade tinha problemas de acesso, cedo, ou tarde, precisariam construir estradas para resolver esse problema. Pronto o estado, o grande resolvedor, se colocou a disposição de tal intento. Justificado pela incapacidade do povo de fazer algo bom. Argumentando a necessidade de criar padrões, alegou que era necessário regulamento rígidos sobre: onde, como, e o principal, quem, exclusivamente, poderia fazer estradas e asfaltos. Claro isso tudo para garantir a qualidade do produto. Evitando assim que o idiota povo, estragasse tudo. Pronto! Agora era regulamento só a prefeitura poderia fazer asfalto. Não insista, pessoa livre, é para seu bem. A grande sabedora das coisas, prefeitura, contrata, com exclusividade “VIP” a empresa ideal, ou seja a: mais adequada, cheirosa, legal, amiga, mais barata, com a qualidade de primeira. Primeira? Vai vendo... Primeiríssima. Em fim. A lição aqui é essa: os buracos são boas razões para pessoas comuns não fazerem suas próprias estradas, deixe isso com a prefeitura, é melhor. Ela diz...

Terceiro e último, por hora. Existe uma função social nos buracos. Imagine a vida fútil, e chata, de viver em uma realidade sem dificuldades? O buraco entra aí, pois, não é um problema grave o suficiente para deixar a vida insuportável (há controvérsias), mas também, não é algo que te faça achar que a sociedade está, absolutamente, sem problemas. Pense que graça tem a vida daqueles alemãezinhos fúteis, dirigindo seus carros elétricos, em suas estradas, sem limites de velocidade, seguros, cercados, sem nem um, agora com ênfase, nem unzinho buraco. Não há nada pra reclamar, não há ninguém pra protestar. Que vida chata. Não é possível. Um povo necessita ter algo pra reclamar. Nada como buracos, já que é o recurso, social, que se constrói sozinho, e não requer esforço. Buraco está para a sociedade, o que o tilenol está para a gripe. É uma benção ter algo a reclamar, assim se pode ser ouvido. Inclusive votamos nesses verdadeiros terapeutas sociais, quase santos, os políticos. Essa é a última lição, precisamos dos buracos, os buracos precisam de bons candidatos para os tampar. Claro, não todos de uma vez, o esquema não pode acabar.

 


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